Uma tomada de consciência
Não, querias ver onde ele está. Querias ver para onde levaram o teu amigo, o teu companheiro de brincadeiras quando estavas nas Caldas.
A medo acedi ao teu pedido. Fomos juntos escolher as flores para colocar junto a ele. Escolheste geriberas cor de rosa, a tua cor preferida. A que eu juntei umas margaridas brancas e algumas verduras.
Fomos para casa, fiz uns arranjos, começou aí o meu tormento. Como ir lá? Não tinha coragem, não queria ainda ter a certeza de que ele já não volta. Não, ainda há a esperança de que isto seja uma partida que me estão a pregar e que vou lá um dia e ele vai saltar para o meu colo, como tantas vezes fazia. E que vinha tomar conta de mim quando estivesse doente. Meu deus, que saudades!
Ficaste tão feliz com os ramso que fiz, "lindos, mãe. O Pido vai gostar".
Chegados ao cemitério, o avô R. ficou no carro com o Zezé ainda é muito pequenino para ir a estes locais).
Entrámos. À chegada à campa, desabei. O meu mundo ruiu nesse instante. Afinal era verdade. Nunca mais iria estar com ele. Nunca mais iria jogar, nunca mais iriamos rir juntos.
Chorei compulsivamente até dizeres: "Mãe, porque estás a chorar? Eu não estou a chorar!".
Fez imensas perguntas sobre o local e a todas eu respondi. Até lhe mostrei o que é uma urna. Como falar com uma criança sobre estes assuntos? Como ? Se nem eu própria consigo lidar e entender muito bem!
Continuo sem aceitar a morte dele, continuo a sofrer muito, muito.
Mas sofro calada, apenas quando estou só. Não gosto que me vejam triste. Mas estou e muito.
1 Comments:
Acho que fizeste bem, há que lhes explicar tudo.
Bjs
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